"Ruiva"- (deu-se um silêncio logo de seguida) pensei de imediato que não queria acordar. Dizia para mim própria: - mantém os olhos fechados, não acordes. O sonho vai acabar! - e eu fechei os olhos.
Mantive-me assim até voltar a ouvir. - "Ruiva". (E ganhei consciência). Abri os olhos, e entrou-me uma luz provenientes do nascer do dia de modo a parecer lâminas por entre as minhas pupilas. Voltei a ganhar consciência, e vi os teus lençóis floridos que me apelam à lembrança do amor dos meus pais, desejei poder dizer que eramos um, mas sei que seria mentira.
Então abri novamente os olhos, levantei os lençóis, e vi os teus olhos cor do céu, o teu sorriso formando meia lua, e desejei puxar-te para mim e dar-te um abraço de uma vida, não te deixando ir. Em meros segundos, voltei a tomar consciência. Afinal, seria eu a ter de ir embora, certo? Estava infiltrada por entre os teus lençóis. Nua, onde ainda ninguém me consegue convencer não ser o meu lugar. E então, meia bruta, e com a consciência em plena dormência, levantei-me, procurei a minha roupa, espalhada por ti, umas horas antes enquanto estávamos em êxtase, quando me apercebo das tuas palavras: -tem calma.
E eu parei. E voltei a tomar consciência, das tuas palavras anteriores. "Só te acordei porque tinha coisas combinadas, se não deixava-te a dormir". Quis sorrir, mas a minha atitude não conseguiu mudar, fria, continuei a procura da minha roupa. Vesti uma meia, sei que continuavas a falar, qualquer coisa como: "ainda mandei mensagem a confirmar se era para ir...", palavras que já iam longe, porque eu só pensava que não era suposto ter adormecido, sentia-me a invadir o teu espaço, a tua escolha. Vesti o meu top, sempre a falar como se as palavras me fossem fugir se eu não as dissesse naquele exato momento, como se fosse possível explicar o facto de ter adormecido depois de me teres dado uma das melhores noites da minha vida. Como se o sentimento que eu senti naquele momento pudesse ser contido. Então, ele entregou-me as calças, eu vestia-as. E levou-me a porta! Deu-me um beijo seguido de um "bom fim-de-semana" e saiu comigo. Entrando no elevador, metendo-me a língua para fora como já é habitual se despedir. Como uma criança acabada de ter o que queria, ou talvez como um último carinho de modo a quebrar o gelo.
Mas afinal, será que ele é que se afasta, ou serei eu a idiota que pensa em tudo demais?!!