"Apetecia-me estar contigo" - Perguntei a medo, acreditas?
Apesar de já conhecer de cor o teu corpo, e não haver quase mais nenhum segredo a desvendar dele. Apesar de meses de prazer, em que me fazes sentir a mulher mais desejada do universo e eu te faço sentir o "Don Juan" mais sexy de todos os impostores. Apesar de não existir mais nada entre nós do que a minha pele de barreira com a tua.
Mas perguntei-te a medo,
talvez porque estava carente, quem sabe.
As vezes sou feita de desapego, de brutidão misturada com insegurança.
Desejo-te o suficientemente para não te desejar só em corpo. Desejo-te em alma também. Apesar de sentir que não o posso desejar, apesar de achar que a partir do momento em que te o disser tu vais apanhar o primeiro jacto que encontrares e voar o mais rápido que conseguires para o outro lado do mundo.
(Não te enganes, não dês 360º a terra, mas também não fiques pelos 180, fica entre um e outro, assim mais tarde ou mais cedo voltarias para mim.)
Perguntei-te a medo, e tu perguntaste-me se estava carente.
(Não seria óbvio?)
Logo de seguida disseste que estavas. Mas a minha pressa em te responder foi mais rápida e eu já tinha enviado a resposta bronca e fria de sempre. - "Eu? Carente? Eu nunca estou carente."
(Como se houvesse algum mal em estar, como se ser mulher me tornaria menos atraente aos olhos dele.)
E então perguntei-te se estarias mesmo carente, de que precisarias? Mimos?
Eu estaria pronta para os dar,
para os receber também.
Perguntei-te a medo, já to tinha dito?
Contudo abriste-me o coração "Eu dou-te claro."
Os mimos que eu quisesse, e pediste-me que fosse ter contigo.
Eu fui, cheirosa como sempre. Com um dos vestidos que ele considera sensual, não fosse os mimos dar para o torto e ter de entrar com a sedução ao mais alto grau.
Porque eu sou feita de desapego, de brutidão misturada com muita insegurança.
Beijas-te me como nunca me tinhas beijado. Foste um poço de cuidados, misturado com um pouquinho de sal. Foste cheio de carinhos, com gestos suaves como a brisa.
Essa que tanto admiras proveniente do vento.
Já sei tanto sobre ti, mas sei que também nada sei.
És o meu eterno mistério.
Podes dizer o que quiseres, mas olhaste-me com aquele olhar. Aquele em que parece que estamos a gritar de desejo. Mas um desejo de bem. Um desejo de fica, um desejo de ama-me. Aquele mesmo em que desejas captar cada traço do seu rosto com o simples medo de poder perder alguma coisa pelo caminho. Com o medo de me perderes.
Será que tens medo de me perder?
Hoje podes dizer o que disseres, mas hoje não fodemos.
HOJE FIZEMOS AMOR.