segunda-feira, 13 de abril de 2015

Criança que se diz mulher.


Preciso de deixar de escrever para ti, preciso do teu silêncio e da tua distância. Preciso que nunca duvides do que quer que seja que penses e que nunca mais tornes a brincar comigo. Preciso que me deixes, partir sem me alcançares, como tanto sabes fazer. Preciso da ignorância, do desgosto e dos atos parvos que normalmente tens. Preciso que sejas idiota, cansativo e desajeitado para que não sinta necessidade de te procurar. Para que nunca olhe para trás sem nunca precisar. E apesar de fazeres tudo isso tão bem, eu volto. Sem querer, sem raciocinar, sem lembrar. Sinto uma força que nem eu própria consigo acalmar. Nem a minha teimosia consegue domar e muito menos a minha vontade quer deixar.

E então preciso com muito precisar, que nunca te voltes nem para um último olhar. 
E então preciso de não fraquejar, mas ainda mais que não desistas de me abandonar. 
E então preciso sem nunca quebrar que nunca abandones essa tua vontade de te afastar. 
Mas e depois desta distância, quando te apresentas perante mim, quando sinto o teu corpo a menos de meio metro de aproximação eu esqueço. 
Do que escrevi, do que prometi, do que afirmei. 
E nesse momento preciso de tanto precisar, de quebrar  todas as barreiras escritas por mim. Escritas por ti e por Deus. Escritas por alguém que provavelmente não me conhecia, não te conhecia nem conhecia a força magnética que me puxa para ti. 
E nesse momento sinto-te quase como dentro de mim, a remexer tudo de baixo para cima, de cima para baixo sem sequer eu permitir. E nesse momento perco os sentidos. O meu discernimento abandona-me e a vontade volta, a de te ter e não a de fugir. 

E que força é esta que exerces sobre mim, nesta criança que se diz mulher que age de uma forma se dizendo outra. Que foge, querendo voltar, que pensa sem querer pensar, que sonha sem querer sonhar. Que se diz forte sem o conseguir ser.

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